sexta-feira, 19 de novembro de 2010

HISTÓRIA DAS LETRINHAS -Cada letra tem sua história

Ivo e o coelhinho

Era domingo. O Ivo saiu de casa e foi para a igreja. No caminho, encontrou um coelhinho que saltou para o seu colo, fazendo i ... i.... i...
A certa altura, o coelhinho pediu-lhe:
- Vem brincar comigo.
- Eu brinco contigo, mas, primeiro, vou à igreja. Como os coelhinhos não podem entrar, esperas aqui por mim, está bem?
Passado algum tempo, os dois amigos foram brincar para a floresta. Saltaram, correram, riram ... Por fim, já cansados, sentaram-se no chão e o Ivo disse ao coelhinho:
- Vou ensinar-te a ler. Vamos fazer uma letrinha?
- Qual? Qual? - perguntou o coelhinho.
- Vou ensinar-te o “I” de igreja - respondeu o Ivo.
- I ...i...i... - fez o coelhinho.
- Pega num pau. faz um risco inclinado para cima. Agora vem para baixo, agarradinho a esse risco. Perto do chão, faz uma curvinha para a direita. Põe-lhe uma pintinha em cima para ficar mais bonito.
- I...i...i!... Já sei fazer o “I” de igreja - dizia o coelhinho.
- Muito bem! Já aprendeste uma nova letra. Parabéns! - afirmou o Ivo.



U

Um urso amigo

Era uma vez um menino chamado Ulisses. Um dia em que o vento soprava fortemente, assobiando e fazendo u...u...u..., o Ulisses reparou num grande urso que comia uma uva à sombra duma árvore. Ulisses riu muito e aproximou-se do urso.
- Queres ser meu amigo? - perguntou Ulisses ao urso.
- Quero, quero! - respondeu o urso, dando-lhe um abraço tão forte que quase lhe partia as costelas.
- Então vamos brincar às letrinhas. Pega num pau e faz como te digo: um risco para cima, outro risco para baixo, agarradinho ao primeiro. Perto do chão, faz uma curva redondinha, vai de novo para cima e outra para baixo, também agarradinho. Cá em baixo, faz outra curva redondinha. Não te esqueças!
- Que letra é esta? - perguntou o urso.
- É o “u” - respondeu Ulisses.
- U...u...u... é o “u” de urso! É o “u” de urso! - Dizia o urso, ao mesmo tempo que saltava, corria e abraçava o seu novo amigo.







O

Oriana e os ovinhos

A Olga e o Óscar andavam na mata. De repente, uma voz encantadora chamou-os:
- Óscar! Olga! Olá!
Surpreendidos, olharam para a ramagem duma árvore e avistaram a fada Oriana que lhes sorria.
- Olá! Bom dia! Que estás aí a fazer? - perguntaram.
- Estou a ver uns ovos maravilhosos que estão neste ninho. São tão branquinhos! - exclamou a fada.
- Queremos ver! Queremos ver! - afirmaram os dois ao mesmo tempo.
- Então subam!
O Óscar começou logo a trepar. Parecia um gato! chegou ao pé do ninho e abriu muito os olhos.
- Oh! Oh! que lindos ovinhos! - disse ele.
Olga tentou subir... Mas foi a fada Oriana que a veio buscar nas suas asas rendadas.
- Oh! Oh! Parecem mesmo o “o” que aprendemos a fazer na escola! - afirmou Olga.
- Ensina-me a fazer o “o” de ovos - pediu Oriana.
- É fácil! Fazes uma rodinha com um laço no cimo - ensinou Olga.
- Já sei. Uma rodinha com um laço e aí vai o “o” à minha festa... - disse Oriana, entusiasmada.
O Sol começou a esconder-se e os dois meninos despediram-se da fada e dos ovinhos.
A

A Aida, a águia e o lago

A Aida andava a passear na floresta. De repente, avistou uma águia que voava sobre ela. Cheia de medo, subiu a uma árvore.
- Não te escondas, Aida! Eu só quero brincar contigo e mostrar-te as coisas belas da Natureza - disse a águia.
- Não me fazes mal? - perguntou a Aida, aflita.
- Não! Olha para o lago que está à tua frente. As ondinhas não parecem mesmo prata a brilhar? É lindo, não é? - interrogou a águia.
- É maravilhoso! Nunca vi nada igual - afirmou Aida.
- Vês como eu não te faço mal? Sou tua amiga ... - informou a águia.
- Eu quero agradecer-te. Já andas na escola? Sabes escrever o teu nome? - perguntou Aida.
- Não. Nem sei o “a” de águia - disse a águia.
- Então eu vou ensinar-te essa letrinha: faz uma rodinha. Agora põe-lhe uma fita redondinha a arrastar pelo chão.
- Agora já sei! Se continuares a ensinar-me, serei a única águia do mundo a saber ler e escrever. Serei a rainha das águias!
Aida prometeu que lhe ensinaria todas as letrinhas. A águia agradeceu, dando uma bicadinha carinhosa no nariza da menina.




E

A Eva e a Égua

Estava uma linda manhã de Primavera. A Eva, uma menina bonita como a madrugada, recebeu um delicioso convite...
- Eva, vem ouvir os passarinhos a cantar e ver a natureza em flor! - convidou o Sol.
- Está bem, amigo Sol! Aceito o teu convite.
E a menina, acompanhada pelo Sol, saiu da sua aldeia. Avistou uma égua que ficou muito contente e se pôs a relinchar:
- É...é...é! Já tenho uma amiga para brincar às escolinhas. É ...é...é! Como te chamas? - perguntou a égua.
- Chamo-me Eva! - respondeu a menina que se sentou numa pedra.
- Já andas na escola? Ensina-me a fazer a primeira letra do meu nome - pediu a égua.
- A primeira letra do teu nome chama-se “é”. Faz-se assim: dás um salto para cima. Lá no alto, fazes um lacinho, vens para baixo, cruzas o risco do primeiro salto e continuas para baixo, esticando a patinha.
- Já sei! É fácil! Salto, dou uma curvinha e estico a patinha!
A partir daquele momento, todas as éguas daquele prado se divertiram a fazer o “é” de égua.
Eva sorriu, agradeceu ao seu amigo Sol e, feliz, regressou a casa.




P

Pepe e os pintainhos

Pepe seguia na estrada em direcção a casa.
A seu lado, muito contentes, iam dois pintainhos a cantarolar:
- Pi, pi, pi! Vamos para aqui!
- Pi, pi, pi! Vamos para ali!
- Divertido, Pepe olhava para eles. Mas, a certa altura, sem querer, bateu com a pá no pé dum pipi.
- Pi...pi..pi! Pi...pi! Dói-me aqui! - choramingou o pintainho.
Cheio de medo, o outro pipi deu um pulo para o pópó do pai o Pepe.
- Desculpem! Foi sem querer. Não tenham medo! - afirmou o Pepe.
- Mas dói! - queixou-se o pintainho ferido.
- Pronto! Eu levo-vos ao colo, está bem? - disse Pepe.
Está bem. Mas também queremos que nos ensines a fazero “p” de pá, de pipi, de pé, de pópó... - pediram os pintainhos.
Eu vou ensinar-vos. É assim:dai um saltinho da minha mão para o pópó. Agora deixai-vos cair direitinhos para o chão. Lá no cimo, fazei um banquinho com uma perna redondinha.
- Que bom! Já sabemos escrever pá, pé, pi, pó, pu! - Afirmaram os pintainhos que foram a correr para casa.




T

Uma tia tocadora de corneta

A Tutu e a tia estavam a brincar na sala. A Tutu era uma menina de seis anos que tinha um lindo tótó na cabeça. A tia, já velhinha, parecia ainda nova. Estava muito divertida, saltava e tocava corneta.
- Tá, tá, tá, tá, tá, tá! Té, té, té, té, té, té!
A Tuto ouvia e ria-se com o espectáculo que a tia apresentava.
- Tia, és tão tonta! - exclamou a Tuto, com carinho.
- Mas tu gostas assim, não gostas? Então deixa-me ser tonta à vontade - afirmou a tia.
- Mas, tia, eu tenho de trabalhar. Por isso, pára lá com as tuas brincadeiras e ajuda-me a fazer o “t” de tia - pediu a menina.
- Está bem, eu ajudo-te. É fácil! Salta bem para cima! Deixa-te cair pelo mesmo sítio da subida. Já perto do chão, estica a perninha para não caires. No cimo da letra, põe um travessão.
- Que bom! Amanhã, a minha professora vai ficar feliz. Já sei fazer o “t”! - exclamou Tutu.
- Agora já posso tocar à vontade? - perguntou a tia.
- Podes tocar toda a noite. Eu vou fazer “montes” de “t” de tia - disse Tutu.





L

Lálá, Lélé e Lóló no campo

À tarde, a Lálá, a Lélé e a Lóló foram ao campo. Viram linda papoilas e tulipas.
- É tudo tão lindo aqui! - exclamou Lóló.
Entretiveram-se a colher flores e não repararam que a noite tinha caído. Viram a lua brilhante no céu escuro.
- E se nos aparece a bruxa má? - perguntou Lélé, com medo.
- Eu não sou uma bruxa má! Sou uma bruxa boa - falou uma voz estranha.
As três meninas ficaram muito assustadas. Deitaram-se no chão, no meio das papoilas e das tulipas.
A bruxa Lecas aproximou-se e disse-lhes:
- Vamos lá levantar! Eu levo-vos a casa.
As meninas perderam o medo e seguiram a bruxa Lecas.
- Como havemos de te agradecer? - perguntou Lálá.
- Ensinem-me a fazer o “l” de lua - respondeu a bruxa.
As três meninas, ao mesmo tempo, disseram:
- Faz um risco para cima, dá um lacinho comprido e vem para baixo, esticando a perninha.
- Mas isso é o “é” - afirmou a bruxa.
- Não. O “é” é mais baixinho. O “l” é um gigante.
- Já sei! Já sei! - disse a bruxa entusiasmada.
E foi para casa a correr e a saltar: lá, lá, lá! Lé, lé, lé.


C

O cuco cantou

A Cátia e o Caio foram passear até ao campo, num dia em que o céu tinha poucas nuvens. O Caio levou uma capa na mão e Cátia pegou num pacote de leite e num copo..
No caminho, encontraram coelhos, codornizes e casas cobertos de colmo. A certa altura, enquanto bebia um copo de leite, Cátia ouviu um cuco a cantar:
- Cu... cu! Cu...cu! Cu...cu!...
Então, a Cátia perguntou:
- Ó cuco de além da ribeira, quantos anos me dás de solteira?
O cuco cantou vinte vezes seguidas, Caio riu-se e disse:
- Bem feito, prima! Sóvais casar con trinta anos!
- Cuco, vem cá! - ordenou Cátia.
O cuco aproximou-se e Cátia Disse-lhe:
- Como me deste vinte anos de solteira, vou castigar-te. Tens de aprender a fazer o “c”de cuco.
- Mas eu nasci para cantar e não para escrever - afirmou o pobre cuco.
- Não faz mal, aprendes a escrever! Vamos lá: com o teu bico, faz uma curvinha aberta. Não a feches, para não parecer o “o”!
O cuco aprendeu a lição e, daí em diante cantava sempre o “c” no coração.


M

O mémé come o mapa

Um dia, a Mimi pegou na sua mota e foi passear pelo campo. Como não conhecia o caminho, perdeu-se. Pegou num mapa e começou a orientar-se. um cordeirinho que passava saltou e comeu o mapa da Mimi. Muito zangada, ela foi a correr atrás do mémé. Uma mula amiga do cordeirinho pulou a mota da Mimi e quase lha desfez. com a voz autoritária, Mimi chamou os dois animais e ordenou-lhes:
- Para não fazerdes mais asneiras, ides escrever o “m” de mémé e de mula.
- Mas nós não andamos na escola nem precisamos de saber ler - disseram os dois animaizinhos.
- Não faz mal! O saber não ocupa lugar e é fácil aprender - afirmou Mimi.
- Então ensina-nos - pediu o mémé.
- É fácil! Só tendes que saltar três montes redondinhos no cimo, sem lhes tocar. Vamos lá: um... dois... três - explicou Mimi.
- Mé... mé... mé! Já sei fazer o “m”- dizia o cordeirinho sempre a saltar.
- Mu... mu... mu...! Já sei fazer o “m” - afirmava a mula, sempre a pular.







V

Violeta, a vaca e o vitelo

Era uma noite de Inverno. Uma noite de vendaval. Violeta levantou--se, levou uma vela e foi ao curral. Deitou comida à vaca e ao vitelo, olhou para eles com muito carinho e disse-lhes:
- Amanhã, venho cá outra vez! Quero que comam muito para ficarem bem gordinhos.
- Obrigado, obrigado! Vem, vem! Vem sempre visitar-me - disse o vitelinho.
Violeta voltou a entrar em casa. Lá dentro, a avó tocava violino e o avô tocava viola. Cá fora, o vento assobiava e fazia vu... vu... vu.
- Vou aproveitar esta música maravilhosa da viola e do violino para fazer o “v” do meu querido vitelinho e da minha adorada vaquinha - pensou Violeta.
E começou a fazer o “v”, parecendo uma autêntica bailarina: uma voltinha pequenina em cima, depois para baixo rapidamente e outra voltinha maior em baixo. Finalmente, é sempre a subir, acabando com uma pirueta parecida com um lacinho.
Já era tarde quando vestiu o pijama e se deitou, sonhando com a vaquinha e o vitelinho a comer erva fresquinha.







R

O ratinho perde a namorada

A Rita mora à beira do rio Ave. Muitas vezes vai para junto da água conversar com as suas amigas rãs, com as relas, que são primas das rãs, e com os peixinhos.
Naquele dia, apareceu-lhe uma rela que disse:
- Ritinha, ando muito preocupada com o meu amigo rato. Ele está muito triste.
- Que lhe aconteceu? - perguntou a Rita.
- Não sei. O melhor é chamá-lo para lhe perguntar.
O rato apareceu e a Rita interrogou-o:
- Que tens, lindo ratinho?
- Estou muito triste. Não encontro a minha namorada, a ratinha Róiroi - respondeu o rato.
- Vamos procurá-la em terra. Anda daí! - disse a Rita.
O rato saltou para terra, não viu a sua amada e, desesperado, roeu a roda do camião do avô da Rita.
- A ratinha Róiroi não está aí! E não roas a roda do camião do meu avô!
A certa altura, dum buraco cavado na terra, saiu a ratinha Róiroi. Foi uma alegria! Os dois ratinhos abraçaram-se e beijaram-se ternamente.






N

O Nini e o avô Nuno

O avô Nuno deu de comer à sua neta. Como o leite tinha muito nata, o avô tirou-a. Mas bateu com a colher no copo, este virou-se e o leite verteu-se.
- Nini, vem cá! Vai comprar um litro de leite ao supermercado para a tua maninha - pediu o avô.
- Então, dá-me uma nota - disse Nini.
Nini foi a correr ao supermercado e trouxe o leite que a sua irmã bebeu num abrir e fechar de olhos.
- Avô, ensina-me a fazer o “n” de nota e de neta - suplicou Nini.
- Está bem! Mas tu gostas de saltar? - perguntou o avô.
- Gosto! Mas agora não quero saltar. Quero fazer a letrinha “n”.
- Não te preocupes! Aos saltinhos, vamos aprender a fazer o “n”. Ora vamos lá! Um saltinho redondinho... outro saltinho redondinho e um escorregãozinho final. Um... dois... um... dois - explicou o avô.
- É fácil! Já sei! Um... dois ... um... dois! Agora vou usar lápis e papel! Um... dois.. um... dois... - disse Nini, enquanto riscava o papel com o lápis.
E encheu uma página inteira com o “n” de nota muito bem feitinho.



G

O galo e o gato

Era uma vez um galo gago que não se cansava de cantar:
- Eu sou o ga... ga... galo! Tu és o ga... ga... gato! Eu sou o ga... ga... galo! Tu és o ga... ga... gato!
O gato Malhadinhas, que já estava farto de ouvir aquela cantiga, pegou no galo gago com a boca e atirou-o ao lago. O galo mergulhou na água e quase se afogou. Depois deu às patas e aprendeu a nadar.
Entretanto, Gugu, que tinha observado aquela cena, aproximou-se para salvar o galo.
- Gato mau! Isso não se faz! - afirmou Gugu.
A certa altura, a gola do vestido da Gugu caiu à água e navegou no lago. O galo foi logo buscá-la.
- Obrigada, galinho! - disse Gugu.
O galo ficou todo contente e começou de novo a cantar:
- Eu sou o ga... ga... galo! Tu és o ga... ga... gato mau!
O gato ficou furioso e ia atacar o galo. Mas Gugu segurou-o e disse-lhe:
- Anda cá, não sejas mau! Vais aprender a fazer o “g” de galo e de gato para ficardes amigos.
E lá começou o gato a fazer o “g”: primeiro desenhou a cabeça redondinha. Depois esticou o corpo para baixo e enrolou a cauda bem redondinha para cima, passando por cima do seu corpito.
O galo observava-o, cheio de felicidade.

S

Simone e a fada Sissi

Naquela noite, Simone ficou sozinha em casa. Como tinha medo da bruxa má, resolveu dormir na sala. Levou um sapo para assustar a bruxa, uma seta para lhe atirar, a sola dum sapato para lhe dar com ela e um sumo para beber.
À meia-noite, ouviu um barulho, ficou assustada e foi a correr tocar o sino. As pessoas estavam a dormir e apenas lhe apareceu a fada Sissi que lhe disse:
- Sónia, não tenhas medo! Não há bruxas más. Vai dormir que eu ficarei contigo toda a noite. Amanhã de manhã, depois de acordares, vamos fazer os trabalhos de casa. Que letrinha aprendeste hoje?
- Aprendi o “s” de sapo e de seta, mas não o consigo fazer muito bem - respondeu Simone.
- Não te preocupes, eu ajudo-te. Dorme! - disse a fada.
De manhã, a Sónia acordou, levantou-se e, tal como tinha prometido, a fada Sissi ajudou-a a fazer o “s”.
- Vamos subir a encosta dum monte. Agora saltamos para o chão e enrolamo-nos para dentro.
- Obrigado! - agradeceu Sónia.
Despediram-se com um beijo e a fada foi ajudar outros meninos.


B

O Bóbó, o bébé e a bola

Naquele dia, Bóbó ficou encarregado de tomar conta do seu irmão, um lindo bébé com um ano de idade.
A certa altura, o bébé babou o bibe que ficou todo molhado. Aflito, Bóbó tirou-lhe o bibe e vestiu-lhe a sua bata da escola. O bébé parecia mesmo um palhaço!
Com muita ternura, Bóbó afagou o rosto do seu irmãozinho e deu-lhe dois beijinhos na face rechonchuda. O bébé também babou a bata, mas Bóbó já não se importou. Começou a jogar à bola com o seu maninho. A certa altura, Bóbó atirou a bola ao bule que caiu ao chão e se partiu. Nesse momento, entrou a mãe que se zangou muito e se preparava para lhe bater.
- Mamã, não me batas! Eu estava a brincar com o maninho para ele não chorar! Tive azar e a bola bateu no bule - disse Bóbó.
A mãe compreendeu e sorriu para os dois meninos. Bóbó começou a brincar com o irmão às escolinhas.
- Vamos fazer o “b” de bébé, de bola e do bule que parti. É assim: faz um “l”. Agora sobe um bocadinho mais a perna no fim, deixando um buraquinho. No fim de tudo, faz um lacinho.
A mãe observava aquelas cenas, ficando encantada com os seus filhos.



J

Jibóia encantada

O João, o Joca e a Júlia foram passar férias a uma floresta de África. O João jogava Judo com a Júlia e o Joca ficava em casa a ajudar a mãe.
Um dia, da sua janela, o Joca viu uma enorme jibóia numa laje perto do jipe do pai. Ficou assustado e chamou:
- Mãe, mãe, vem cá! Uma jibóia vai entrar no jipe.
Cheio de coragem, saiu de casa e foi chamar o João e a Júlia que estavam lá foram, perto da jibóia. Mal se aproximou deles, ouviu uma voz estranha:
- Não tenhas medo! Eu sou uma princesa encantada de jibóia e apenas quero brincar.
Era a jibóia que falava. Joca ficou espantado e perguntou-lhe:
- Mas tu não fazes mal a ninguém?
- Não, já te disse. Eu só quero brincar - disse ela.
- Então, está bem. Queres jogar judo? Dá um salto inclinado para cima. Agora cai direitinha neste buraco. Dá outro salto em curva para cima para saíres do buraco. Depois estica a tua cauda... - explicou Joca.
- Isto é um belo exercício - dizia a jibóia, enquanto saltava.
- Estás a ver? Já sabes fazer o “j” de jibóia - disse o Joca, enquanto lhe dava um beijo na cabeça.
Ao sentir o beijo, o encanto desapareceu e a jibóia transformou-se numa linda princesa.
F

A fada Fifi e a foca

Naquele dia, a fada Fifi apenas queria descansar. Sentou-se à mesa e tomou um café bem quentinho junto a um lago de águas cristalinas.
Enquanto ela saboreava o seu cafezinho, uma foca brincava no lago, saltando e atirando-lhe água fresquinha. Entretanto, um homem que estava numa mesa ao lado deixou cair a ponta de um cigarro na fita da fada. A fita deitava fumo, mas a foca apagou o fogo, lançando um enorme jacto de água para terra.
- Obrigado, linda foquinha - agradeceu Fifi.
- Anda brincar comigo no lago - pediu a foca.
A fada entrou na água e arrepiou-se com o frio. A foca riu-se e afirmou:
- Vamos fazer o “f” de fada e de foca para aqueceres? Saltamos para fora da água, em arco. Damos uma pequena voltinha lá no cimo. Deixamo-nos cair direitinhas para dentro da água. depois nadamos até à superfície por outro caminho. Quando chegarmos ao cimo da água, fazemos um lacinho. Percebeste?
- Entendi perfeitamente - respondeu a fada.
E assim se entretiveram o resto do dia. À noite, foram para casa cheias de fadiga, mas muito felizes.




Q

No campo também se aprende

Naquele dia não havia aulas. O Quico, os colegas da escola e a professora resolveram fazer um piquenique no pinhal. Cada um levou o seu farnel e partiram à aventura.
Depois de fazerem uma longa caminhada, chegaram ao local desejado. Estavam cheios de fome e começaram a comer. O Quico comeu um queque e um quilo de bananas. Até um pato que nadava no lago se riu, dizendo:
- Quá... quá... quá! É o Quico comilão! Quá... quá... quá!
Entretanto, todas as meninas e meninos começaram a descobrir os segredos da Natureza.
- Olha, professora, que flores tão bonitas! E folhas de vários feitios! que lindo! Que maravilha!
Encheram sacos e mais sacos com folhas e flores para fazerem um herbário, enquanto as rolas, os pintassilgos, os rouxinóis e os cucos cantavam melodiosos trinados, parecendo uma orquestra afinadinha.
A certa altura, a professora chamou-os:
- Meninos, venham cá! Há bocadinho, o pato falou com o Quico. Por isso vamos aprender o “q” de quá... quá. Vamos lá, façam assim: desenhamos a cabecinha do pato. depois esticamos-lhe a pata para baixo, deixando-a direitinha.
Cada aluno pegou num pau e desenhou o “q” no chão.
Já era tarde e regressaram a casa com a felicidade a bailar nos seus olhos.
X

O xerife que comia xuxu

Xana foi passar férias aos Estados Unidos, o país dos xerifes. Parou numa cidade do Texas, onde as pessoas se divertiam, imitando os tempos antigos.
Xana vestiu-se de dama antiga e veio para a rua. Levava um xaile roxo pelas costas e tocava xilofone.
A certa altura apareceu um bandido que lhe ordenou:
- Mãos ao ar! Passa para cá o xaile e o xilofone para eu dar à minha namorada.
Entretanto, apareceu o xerife que prendeu o ladrão. Como estava cheio de fome, comeu muito xuxu que havia num caixote à porta de uma loja. Sentiu-se doente, mas a Xana deu-lhe xarope e ele ficou bom.
O bandido, que era gago, pediu:
- X... X... X... Xe... Xe... Xe... Xeri... Xerife, sol... solte-me, por fa... favor. Eu n... n... não queria fa... fa... fazer ma... mal à me... me... me...nina!
- Senhor xerife, solte-o, por favor! Vamos dar-lhe outro castigo. obrigamo-lo a fazer o “x” de xerife para ele nunca mais se esquecer de si - aconselhou a Xana.
O xerife concordou e a Xana começou a explicar:
- Fazes o “s” redondinho no cimo e, a seguir, colas-lhe o “c”. É fácil!
O bandido aprendeu a fazer o “x” de xerife e nunca mais se esqueceu da lição.



Z

No jardim Zoológico

O Zeca foi ao zoo com a Zuzu e com a Zázá. O Zuzu correu logo em direcção a uma gazela muito bonita e elegante. Zeca teve uma atitude simpática: comprou uma Zínia e levou-a à Zázá.
Depois, continuaram a visita. Viram animais extraordinários: zebras, elefantes, macacos, crocodilos, papagaios, araras, jibóias... Mas Zuzu estava impaciente. Queria ver outra vez a sua nova amiga, gazela. E, sempre a correr, dirigiu-se ao lugar onde ela estava. Pediu ao guarda que o deixasse entrar para junto da sua amiga gazelinha. O guarda autorizou-o e Zuzu divertiu-se imenso. Correu, saltou, rebolou na erva. A gazela imitava--o.
A alegria e o entusiasmo eram tão grandes que até uma abelhinha parou e disse:
- Z... z... z... z! Deixem-me brincar convosco. Z... z... z...
- Está bem, linda abelhinha! Mas não nos piques - pediram os dois ao mesmo tempo.
A abelhinha voava, dava voltas e mais voltas, numa felicidade sem medida.
- Abelhinha, agora vou ensinar-te como se faz o “z” de Zoo! É assim: voa para cima, dá uma voltinha, corre um bocadinho para a direita e finge deixar-te cair. Agora sobe um pouco para a direita e volta a cair. Dá uma volta mais comprida para baixo e sobe outra vez, cruzando o caminho da última descida.
E a abelhinha dava voltas e mais voltas, sem, se cansar de fazer o “z”.

D

Dódó estraga o ditado do Dudu

A Dódó e o Dudu viviam numa bonita praia do norte de Portugal.
Uma tarde, depois de terem brincado no areal, depois de terem nadado nas águas cristalinas e azuladas do grande Oceano, depois de terem conversado com uma sereia encantadora, regressaram a casa.
A Dódó pegou nos dados e começou a jogar sozinha porque a Dudu tinha que fazer o ditado que a mãe lhe ditava. Cansada de brincar sozinha, a Dódó atirou um dado ao Dudu, acertando em cheio no seu dedo. O ditado ficou estragado, com um grande risco. Zangada, a mãe ordenou à menina:
- Vai já fazer mil “d d ” de dado e de dedo. E tudo muito bem feitinho.
- desculpe, mãe, isto não volta a acontecer. eu não sei fazer o “d” - afirmou Dódó.
- Eu ensino-te: uma bolinha redondinha em baixo, uma fita gigante para cima, outra fita agarradinha para baixo e, cá em baixo, arrastas a fitinha pelo chão - explicou o irmão.
A Dódó fez vinte “d d ” muito lindos e a mãe perdoou-lhe tudo.








H

Uma freira aflita

A Helena e o Hugo andavam a passear no campo. A certa altura, apareceu uma freirinha que lhes pediu:
- Meninos, ajudem-me! Um homem mau tirou-me o hábito e atirou-o ao lago. Eu não posso ir buscá-la porque tenho medo do hipopótamo que lá vive.
- Não chores mais, irmã! Nós ajudamo-la.
Os dois meninos dirigiram-se ao lago e a Helena viu o hábito iluminado pelo holofote. O Hugo lançou-se à água, nadou vigorosamente, lutou com o hipopótamo e trouxe o hábito à freirinha.
- Obrigada! São muito corajosos - afirmou a freira.
- Irmã, ajude-me a tirar uma dúvida. Qual é a primeira letra da palavra “hábito”! - perguntou o Hugo.
- É o “h” - respondeu a freira.
- É o “h”?! Mas, na palavra “hábito”, essa letra não se lê - replicou o Hugo.
- Pois não! E também não se lê noutras palavras: holofote, hipopótamo, homem, hino, homenagem... - acrescentou a freira.
- Pode ensinar-nos a fazer essa letra? - pediu a Helena.
- Claro que sim! - afirmou a freira.
Sentaram-se debaixo duma árvore e a freirinha explicou:
- Fazes um “l” e, cá em baixo desenhas uma ondinha.
Os dois meninos aprenderam a fazer o “h” e, muito contentes, despediram-se e seguiram o seu caminho.

DEZ COISAS QUE TODA CRIANÇA COM AUTISMO GOSTARIA QUE VOCÊ SOUBESSE. POR ELLEN NOTTOHM (TRADUÇÃO LIVRE - ANDRÉA SIMON)

1) ANTES DE TUDO EU SOU UMA CRIANÇA. EU TENHO AUTISMO. EU NÃO SOU SOMENTE "AUTISTA". O MEU AUTISMO É SÓ UM ASPECTO DO MEU CARÁTER. NÃO ME DEFINE COMO PESSOA. VOCÊ É UMA PESSOA COM PENSAMENTOS, SENTIMENTOS E TALENTOS. OU VOCÊ É SOMENTE GORDO, MAGRO, ALTO, BAIXO, MÍOPE. TALVEZ ESTAS SEJAM ALGUMAS COISAS QUE EU PERCEBA QUANDO CONHECER VOCÊ, MAS ISSO NÃO É NECESSARIAMENTE O QUE VOCÊ É. SENDO UM ADULTO, VOCÊ TEM ALGUM CONTROLE DE COMO SE AUTO-DEFINE. SE QUER EXCLUIR UMA CARACTERÍSTICA, PODE SE EXPRESSAR DE MANEIRA DIFERENTE. SENDO CRIANÇA EU AINDA ESTOU DESCOBRINDO. NEM VOCÊ OU EU PODEMOS SABER DO QUE EU SOU CAPAZ. DEFINIR-ME SOMENTE POR UMA CARACTERÍSTICA, ACABA-SE CORRENDO O RISCO DE MANTER EXPECTATIVAS QUE SERÃO PEQUENAS PARA MIM. E SE EU SINTO QUE VOCÊ ACHA QUE NÃO POSSO FAZER ALGO, A MINHA RESPOSTA NATURALMENTE SERÁ: PARA QUE TENTAR?



2)A MINHA PERCEPÇÃO SENSORIAL É DESORDENADA. INTERAÇÃO SENSORIAL PODE SER O ASPECTO MAIS DIFÍCIL PARA SE COMPREENDER O AUTISMO. QUER DIZER QUE SENTIDOS ORDINÁRIOS COMO AUDIÇÃO, OLFATO, PALADAR, TOQUE, SENSAÇÕES QUE PASSAM DESAPERCEBIDAS NO SEU DIA A DIA PODEM SER DOLORIDAS PARA MIM. O AMBIENTE EM QUE EU VIVO PODE SER HOSTIL PARA MIM. EU POSSO PARECER DISTRAÍDO OU EM OUTRO PLANETA, MAS EU SÓ ESTOU TENTANDO ME DEFENDER. VOU EXPLICAR O PORQUÊ UMA SIMPLES IDA AO MERCADO PODE SER UM INFERNO PARA MIM: A MINHA AUDIÇÃO PODE SER MUITO SENSÍVEL. MUITAS PESSOAS PODEM ESTAR FALANDO AO MESMO TEMPO, MÚSICA, ANÚNCIOS, BARULHO DA CAIXA REGISTRADORA, CELULARES TOCANDO, CRIANÇAS CHORANDO, PESSOAS TOSSINDO, LUZES FLUORESCENTES. O MEU CÉREBRO NÃO PODE ASSIMILAR TODAS ESTAS INFORMAÇÕES, PROVOCANDO EM MIM UMA PERDA DE CONTROLE. O MEU OLFATO PODE SER MUITO SENSÍVEL. O PEIXE QUE ESTÁ À VENDA NA PEIXARIA NÃO ESTÁ FRESCO. A PESSOA QUE ESTÁ PERTO PODE NÃO TER TOMADO BANHO HOJE. O BEBÊ AO LADO PODE ESTAR COM UMA FRALDA SUJA. O CHÃO PODE TER SIDO LIMPO COM AMÔNIA. EU NÃO CONSIGO SEPARAR OS CHEIROS E COMEÇO A PASSAR MAL. PORQUE O MEU SENTIDO PRINCIPAL É O VISUAL. ENTÃO, A VISÃO PODE SER O PRIMEIRO SENTIDO A SER SUPER-ESTIMULADO. A LUZ FLUORESCENTE NÃO É SOMENTE MUITO BRILHANTE, ELA PISCA E PODE FAZER UM BARULHO. O QUARTO PARECE PULSAR E ISSO MACHUCA OS MEUS OLHOS. ESTA PULSAÇÃO DA LUZ COBRE TUDO E DISTORCE O QUE ESTOU VENDO. O ESPAÇO PARECE ESTAR SEMPRE MUDANDO. EU VEJO UM BRILHO NA JANELA, SÃO MUITAS COISAS PARA QUE EU CONSIGA ME CONCENTRAR. O VENTILADOR, AS PESSOAS ANDANDO DE UM LADO PARA O OUTRO... TUDO ISSO AFETA OS MEUS SENTIDOS E AGORA EU NÃO SEI ONDE O MEU CORPO ESTÁ NESTE ESPAÇO.



3) POR FAVOR, LEMBRE DE DISTINGUIR ENTRE NÃO PODER (EU NÃO QUERO FAZER) E EU NÃO POSSO (EU NÃO CONSIGO FAZER) RECEBER E EXPRESSAR A LINGUAGEM E VOCABULÁRIO PODE SER MUITO DIFÍCIL PARA MIM. NÃO É QUE EU NÃO ESCUTE AS FRASES. É QUE EU NÃO TE COMPREENDO. QUANDO VOCÊ ME CHAMA DO OUTRO LADO DO QUARTO, ISTO É O QUE EU ESCUTO "BBBFFFZZZZSWERSRTDSRDTYFDYT JOÃO". AO INVÉS DISSO, VENHA FALAR COMIGO DIRETAMENTE COM UM VOCABULÁRIO SIMPLES: "JOÃO, POR FAVOR, COLOQUE O SEU LIVRO NA ESTANTE. ESTÁ NA HORA DE ALMOÇAR". ISSO ME DIZ O QUE VOCÊ QUER QUE EU FAÇA E O QUE VAI ACONTECER DEPOIS. ASSIM É MAIS FÁCIL PARA COMPREENDER.

4) EU SOU UM "PENSADOR CONCRETO" (CONCRETE THINKER). O MEU PENSAMENTO É CONCRETO, NÃO CONSIGO FAZER ABSTRAÇÕES.EU INTERPRETO MUITO POUCO O SENTIDO OCULTO DAS PALAVRAS. É MUITO CONFUSO PARA MIM QUANDO VOCÊ DIZ "NÃO ENCHE O SACO", QUANDO O QUE VOCÊ QUER DIZER É "NÃO ME ABORREÇA". NÃO DIGA QUE "ISSO É MOLEZA, É MAMÃO COM AÇÚCAR" QUANDO NÃO HÁ NENHUM A MAMÃO COM AÇÚCAR POR PERTO E O QUE VOCÊ QUER DIZER É QUE ISSO E ALGO FÁCIL DE FAZER. GÍRIAS, PIADAS, DUPLAS INTENÇÕES, PARÁFRASES, INDIRETAS, SARCASMO EU NÃO COMPREENDO.



5)POR FAVOR, TENHA PACIÊNCIA COM O MEU VOCABULÁRIO LIMITADO. DIZER O QUE EU PRECISO É MUITO DIFÍCIL PARA MIM, QUANDO NÃO SEI AS PALAVRAS PARA DESCREVER O QUE SINTO. POSSO ESTAR COM FOME, FRUSTRADO, COM MEDO E CONFUSO, MAS AGORA ESTAS PALAVRAS ESTÃO ALÉM DA MINHA CAPACIDADE, DO QUE EU POSSA EXPRESSAR. POR ISSO, PRESTE ATENÇÃO NA LINGUAGEM DO MEU CORPO (RETRAÇÃO, AGITAÇÃO OU OUTROS SINAIS DE QUE ALGO ESTÁ ERRADO).POR UM OUTRO LADO, POSSO PARECER COMO UM PEQUENO PROFESSOR OU UM ARTISTA DE CINEMA DIZENDO PALAVRAS ACIMA DA MINHA CAPACIDADE NA MINHA IDADE. NA VERDADE, SÃO PALAVRAS QUE EU MEMORIZEI DO MUNDO AO MEU REDOR PARA COMPENSAR A MINHA DEFICIÊNCIA NA LINGUAGEM. POR QUE EU SEI EXATAMENTE O QUE É ESPERADO DE MIM COMO RESPOSTA QUANDO ALGUÉM FALA COMIGO. AS PALAVRAS DIFÍCEIS QUE DE VEZ EM QUANDO FALO PODEM VIR DE LIVROS, TV, OU ATÉ MESMO SEREM PALAVRAS DE OUTRAS PESSOAS. ISTO É CHAMADO DE ECOLALIA. NÃO PRECISO COMPREENDER O CONTEXTO DAS PALAVRAS QUE ESTOU USANDO. EU SÓ SEI QUE DEVO DIZER ALGUMA COISA.



6)EU SOU MUITO ORIENTADO VISUALMENTE PORQUE A LINGUAGEM É MUITO DIFÍCIL PARA MIM.POR FAVOR, ME MOSTRE COMO FAZER ALGUMA COISA AO INVÉS DE SIMPLESMENTE ME DIZER. E, POR FAVOR, ESTEJA PREPARADO PARA ME MOSTRAR MUITAS VEZES. REPETIÇÕES CONSISTENTES ME AJUDAM A APRENDER. UM ESQUEMA VISUAL ME AJUDA DURANTE O DIA-A-DIA. ALIVIA-ME DO STRESS DE TER QUE LEMBRAR O QUE VAI ACONTECER. AJUDA-ME A TER UMA TRANSIÇÃO MAIS FÁCIL ENTRE UMA ATIVIDADE E OUTRA. AJUDA-ME A CONTROLAR O TEMPO, AS MINHAS ATIVIDADES E ALCANÇAR AS SUAS EXPECTATIVAS. EU NÃO VOU PERDER A NECESSIDADE DE TER UM ESQUEMA VISUAL POR ESTAR CRESCENDO. MAS O MEU NÍVEL DE REPRESENTAÇÃO PODE MUDAR. ANTES QUE EU POSSA LER, PRECISO DE UM ESQUEMA VISUAL COM FOTOGRAFIAS OU DESENHOS SIMPLES. COM O MEU CRESCIMENTO, UMA COMBINAÇÃO DE PALAVRAS E FOTOS PODE AJUDAR MAIS TARDE A CONHECER AS PALAVRAS.



7)POR FAVOR, PRESTE ATENÇÃO E DIGA O QUE EU POSSO FAZER AO INVÉS DE SÓ DIZER O QUE EU NÃO POSSO FAZER. COMO QUALQUER OUTRO SER HUMANO NÃO POSSO APRENDER EM UM AMBIENTE ONDE SEMPRE ME SINTA INÚTIL, QUE HÁ ALGO ERRADO COMIGO E QUE PRECISO DE "CONSERTO". PARA QUE TENTAR FAZER ALGUMA COISA NOVA QUANDO SEI QUE VOU SER CRITICADO? CONSTRUTIVAMENTE OU NÃO É UMA COISA QUE VOU EVITAR. PROCURE O MEU POTENCIAL E VOCÊ VAI ENCONTRAR MUITOS! TEREI MAIS QUE UMA MANEIRA PARA FAZER AS COISAS.



8)POR FAVOR, ME AJUDE COM INTERAÇÕES SOCIAIS. PARECER QUE NÃO QUERO BRINCAR COM AS OUTRAS CRIANÇAS NO PARQUE, MAS ALGUMAS VEZES SIMPLESMENTE NÃO SEI COMO COMEÇAR UMA CONVERSA OU ENTRAR NA BRINCADEIRA. SE VOCÊ PODE ENCORAJAR OUTRAS CRIANÇAS A ME CONVIDAREM A JOGAR FUTEBOL OU BRINCAR COM CARRINHOS, TALVEZ EU FIQUE MUITO FELIZ POR SER INCLUÍDO. EU SOU MELHOR EM BRINCADEIRAS QUE TENHAM ATIVIDADES COM ESTRUTURA COMEÇO-MEIO-FIM. NÃO SEI COMO "LER" EXPRESSÃO FACIAL, LINGUAGEM CORPORAL OU EMOÇÕES DE OUTRAS PESSOAS. AGRADEÇO SE VOCÊ ME ENSINAR COMO DEVO RESPONDER SOCIALMENTE. EXEMPLO: SE EU RIR QUANDO SANDRA CAIR DO ESCORREGADOR NÃO É QUE EU ACHE ENGRAÇADO. É QUE EU NÃO SEI COMO AGIR SOCIALMENTE. ENSINE-ME A DIZER: "VOCÊ ESTA BEM?".



9)TENTE ENCONTRAR O QUE PROVOCA A MINHA PERDA DE CONTROLE.PERDA DE CONTROLE, "CHILIQUE", BIRRA, MAL-CRIAÇÃO, ESCÂNDALO, COMO VOCÊ QUISER CHAMAR, ELES SÃO MAIS HORRÍVEIS PARA MIM DO QUE PARA VOCÊ. ELES ACONTECEM PORQUE UM OU MAIS DOS MEUS SENTIDOS FOI ESTIMULADO AO EXTREMO. SE VOCÊ CONSEGUIR DESCOBRIR O QUE CAUSA A MINHA PERDA DE CONTROLE, ISSO PODERÁ SER PREVENIDO - OU ATÉ EVITADO. MANTENHA UM DIÁRIO DE HORAS, LUGARES PESSOAS E ATIVIDADES. VOCÊ ENCONTRAR UMA SEQÜÊNCIA PODE PARECER DIFÍCIL NO COMEÇO, MAS, COM CERTEZA, VAI CONSEGUIR. TENTE LEMBRAR QUE TODO COMPORTAMENTO É UMA FORMA DE COMUNICAÇÃO. ISSO DIRÁ A VOCÊ O QUE AS MINHAS PALAVRAS NÃO PODEM DIZER: COMO EU SINTO O MEU AMBIENTE E O QUE ESTÁ ACONTECENDO DENTRO DELE.



10)SE VOCÊ É UM MEMBRO DA FAMÍLIA ME AME SEM NENHUMA CONDIÇÃO.ELIMINE PENSAMENTOS COMO "SE ELE PELO MENOS PUDESSE…" OU "PORQUE ELE NÃO PODE…" VOCÊ NÃO CONSEGUIU ATENDER A TODAS AS EXPECTATIVAS QUE OS SEUS PAIS TINHAM PARA VOCÊ E VOCÊ NÃO GOSTARIA DE SER SEMPRE LEMBRADO DISSO. EU NÃO ESCOLHI SER AUTISTA. MAS LEMBRE-SE QUE ISTO ESTÁ ACONTECENDO COMIGO E NÃO COM VOCÊ. SEM A SUA AJUDA A MINHA CHANCE DE ALCANÇAR UMA VIDA ADULTA DIGNA SERÁ PEQUENA. COM O SEU SUPORTE E GUIA, A POSSIBILIDADE É MAIOR DO QUE VOCÊ PENSA. EU PROMETO: EU VALHO A PENA. E, FINALMENTE TRÊS PALAVRAS MÁGICAS: PACIÊNCIA, PACIÊNCIA, PACIÊNCIA. AJUDA A VER O MEU AUTISMO COMO UMA HABILIDADE DIFERENTE E NÃO UMA DESABILIDADE. OLHE POR CIMA DO QUE VOCÊ ACHA QUE SEJA UMA LIMITAÇÃO E VEJA O PRESENTE QUE O AUTISMO ME DEU. TALVEZ SEJA VERDADE QUE EU NÃO SEJA BOM NO CONTATO OLHO NO OLHO E CONVERSAS, MAS VOCÊ NOTOU QUE EU NÃO MINTO, ROUBO EM JOGOS, FOFOCO COM AS COLEGAS DE CLASSE OU JULGO OUTRAS PESSOAS? É VERDADE QUE EU NÃO VOU SER UM RONALDINHO "FENÔMENO" DO FUTEBOL. MAS, COM A MINHA CAPACIDADE DE PRESTAR ATENÇÃO E DE CONCENTRAÇÃO NO QUE ME INTERESSA, EU POSSO SER O PRÓXIMO EINSTEIN, MOZART OU VAN GOGH. ELES TAMBÉM TINHAM AUTISMO, UMA POSSÍVEL RESPOSTA PARA ALZAHEIM O ENIGMA DA VIDA EXTRATERRESTRE - O QUE O FUTURO TEM GUARDADO PARA CRIANÇAS AUTISTAS COMO EU, ESTÁ NO PRÓPRIO FUTURO. TUDO QUE EU POSSO SER NÃO VAI ACONTECER SEM VOCÊ SENDO A MINHA BASE. PENSE SOBRE ESTAS "REGRAS" SOCIAIS E SE ELAS NÃO FAZEM SENTIDO PARA MIM, DEIXE DE LADO. SEJA O MEU PROTETOR SEJA O MEU AMIGO E NÓS VAMOS VER ATE ONDE EU POSSO IR. CONTO COM VOCÊ!!!